Um assunto muito comentado nos últimos meses diz respeito aos eventos cataclísmicos que estariam para acontecer em dezembro deste ano (2012). Alguns mencionam que esses eventos podem ser confirmados ou previstos através de viagem astral ao futuro.
Como seria isso possível se tudo o que temos é o aqui e o agora e se tempo e espaço só existem na tridimensionalidade de nossas mentes cartesianas?
Ora, somos um conjunto de sistemas formados por órgãos que, por sua vez, são formados por células que, por sua vez, são formadas por moléculas que, por sua vez, são formadas por átomos que, por sua vez, são formados por elétrons, prótons e nêutrons que, por sua vez são formados por subpartículas e assim por diante. Somos portanto energia condensada e não-condensada, livre e ilimitada, desconhecedora de tempo e espaço. Presente, passado e futuro são um instante único; aqui e acolá, idem.
O corpo perceptível através de nossos fracos sentidos “físicos” é apenas a porção mais densa de nosso ser, mas não seu limite. Somos, cada um, como uma galáxia dentro de outra galáxia, dentro de um “corpo” ainda maior… Somos como átomos num corpo gigantesco ao qual chamamos DEUS. Estamos, cada um, conectados ao todo e a tudo. Deus é o UM (ou UNO); nós o múltiplo.
Nosso inconsciente tudo sabe, tudo conhece, tudo “vê” e prevê. Mas essas previsões, enquanto informações inconscientes são nítidas, claras, mas quando chegam à mente, tudo se transforma por terem que submeter-se a uma “antena” cuja recepção do sinal é muito fraca e distorce a mensagem, transformando-a, via de regra, em alucinação, ou seja, o que algumas antenas com melhor sinal receberam no passado, é interpretado por outras antenas que sequer podem perceber como o receptor original sentiu aquele momento, qual a dimensão e significado de sua “previsão”. Talvez nem mesmo esse receptor original tenha essa consciência de dimensão e significado dos eventos “previstos” e depois que acontecem fenômenos naturais ou acontecimentos provocados pelo homem, todos começam a vinculá-los às previsões feitas por este ou aquele vidente ou profeta que pode ter usado uma linguagem que dá margem a interpretações as mais amplas possíveis.
Falar em ocidente, oriente, norte ou sul é algo muito relativo e até mesmo subjetivo, pois o tal vidente ou profeta pode referir-se a um evento local (a cidade onde vive, por exemplo), a seu país ou ao planeta. Afinal, para nossa limitação física e mental, tudo se torna um universo.
É fato que o homem, em sua loucura, arrogância e ignorância está a destruir seu lar, a Terra, como também é fato que o planeta vive em ciclos que repetem-se a intervalos quase exatos. Já passamos por diversas eras glaciais e por outros tantos períodos de seca, fome e escassez.
O tão falado aquecimento global é um evento cíclico potencializado, certamente, pela cruel ganância e egoísmo da humanidade. E, no que toca à nossa parte, arcaremos com as consequências.
A Terra geme, grita, e não a escutamos!
Colheremos, portanto, o fruto de nossa semeadura. Se plantarmos macieiras, colheremos maçãs; se plantarmos urtiga, colheremos muita urticária, mas lembro que a urtiga pode ser comida em saladas, após mergulhadas suas folhas em água fervente por alguns poucos segundos, e é muito rica em ferro e vitamina C…
Cabe a cada um decidir o que desejará colher.
Fortaleza, 16 de fevereiro de 2012.
Excelente texto, muito sereno e sóbrio, na medida certa para desvelar ilusões.